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quarta-feira, 22 de junho de 2011

MODERNIZAÇÃO E TRADICONALISMO

Modernização e tradição conseguem andar lado a lado? Pelo menos na música parece que não, atritos de gêneros modernos com gêneros antigos mancham a tradição.







A modernização chegou em todos os âmbitos, na música gauchesca essa mudança também chegou. A Tchê music é o fruto desta modernização, uma variação da música gaúcha tradicional, que adquire elementos da musica baiana, pagode, samba entre outros ritmos, junto com os ritmos mais comuns no Rio Grande do Sul, como o chamamé, vaneira e xote. Ainda na tchê music foram incorporados outros equipamentos de som, como percussão, bateria, guitarra elétrica e DJs.
A música gaúcha tem origem na escola literária do parnasianismo, e traz em suas letras ambientes como a terra, o chão, os costumes e o cavalo, possuindo em suas letras grande admiração por suas origens e relatando as suas paixões.
O estilo musical gauchesco mostra também origens fortes na música espanhola e na música portuguesa. Com uma formação complexa, a música gauchesca torna-se difícil de ser interpretada, em alguns casos, por outros grupos ou músicos que não possuem ligação direta com a cultura gaúcha.


Nativismo e tradicionalismoApesar das músicas dos dois tratarem do mesmo tema, tradicionalistas e nativistas discordam entre alguns pontos. O passado do Rio Grande do Sul e a influência espanhola dos paises vizinhos na música.
Os tradicionalistas têm certo desprezo por considerar que os espanhóis muitas vezes no passado foram inimigos nas guerras em que o estado se envolveu. Já os nativistas, não se envergonham de admitir que muitas caracteristicas culturais são originarias dos paises vizinhos, muitos chegam a gravar músicas em espanhol. Outro ponto de divergência entre tradicionalistas e nativistas é a religião. Tradicionalistas na maioria das vezes são católicos, enquanto alguns nativistas poucas vezes falam em Deus.


Nativismo/Tradicionalismo X Tchê MusicEm meados de 2006, iniciou um atrito entre nativistas/tradicionalistas e músicos da tchê music,por conta dos integrantes do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), que proibiram os músicos de Tchê Music de se apresentarem em CTG's, pelofato de os músicos terem tirado a pilcha (bota, bombacha, guaiaca) e por não considerar o tchê music como legítima música gaúcha. O CTG que não obedecer pode ser notificado e até mesmo desfiliado. Consideram também que os grupos de Tchê Music estão alterando o ritmo da música gaúcha. Nas suas apresentações é comum notar a mescla de ritmos de axé até mesmo o rock. Para o MTG, a principal preocupação é a desvalorização da tradição. Os tradicionalistas criticam também as letras do Tchê Music e sua dança. “É para barrar a distorção da música gaúcha. Tínhamos de estabelecer essas medidas para não termos nossa cultura distorcida”, disse Manoelito Savaris, ex-presidente do MTG do Rio Grande do Sul.
Com essa briga e a proibição, os componentes do Tchê Music acabaram se unindo e formando o Movimento Tchê Brasil (MTB), como uma forma de defesa do Tchê Music, e criando lugares específicos para esse estilo, assim como os CTGs estão para a música gaúcha campeira.
Esta decisão tomada não é benefica para ninguém, diminuindo as rendas de CTGs e grupos musicais. Em entrevista para o Jornal Minuano de Bagé, o diretor de marketing dos grupos Tchê Barbaridade e Balanço do Tchê, Paulo Bombassaro comenta esta decisão: “É ruim para os dois lados. O público vai acabar saindo dos CTGs para ver nossos shows”.
Muitos dos grupos batizados como Tchê music estão migrando para música gaúcha tradicional, pois os bailes diminuíram e a única opção foi voltar ao estado tradicional. Segundo o tecladista Dioni Marlon da Silva, com mais de 15 anos de profissão e tocando em grupos no Rio Grande do Sul, a situação é muito complicada: “Não podemos tocar em bailes só com violão, pandeiro e gaita. Temos de inovar, acredito que é mais uma forma de desespero destes grupos que estão migrando, estão voltando apenas para o ganha-pão e não pela filosofia tradicionalista.”
O ex-presidente Manoelito Savaris, deixa a porta para aqueles que quiserem voltar, mas faz ressalvas em relação à tradição: “Se voltarem a fazer música gaúcha tradicional, tendo a postura adequada, serão contratados. Mas poderão ter dificuldade, pois haverá desconfiança.”.
Mas se os grupos e CTGs terão ônus com esta decisão, o público também irá sofrer com a escassez de shows. O dançarino Luis Rafael Guterres é contra a decisão tomada: “Achei sem muito fundamento esta decisão, pois a Tchê music traz muito dinheiro para dentro dos CTGs, além do que, eles estão levando o nome do Rio Grande do Sul para todo o Brasil”.













Fio de cabelo x Meteoro da PaixãoSe a Tche Music e a música gauchesca estão em atritos, a música sertaneja também está em conflito. Com a ascendência do sertanejo universtário a música sertaneja e caipira acabou caindo no esquecimento da maioria do público.
O sertanejo universitário mudou o jeito dos músicos fazerem suas músicas, incrementando alguns instrumentos como a sanfona, e tornando um ritmo mais acelarado em relação ao ritmo convencional. O estilo que tem como tema festas, mulheres e bebedeiras, caiu no gosto dos universitários, por isso o nome.
O sertanejo universitário não é um gênero diferente do que o gênero sertanejo é apenas uma variação do sertanejo clássico. Sertanejos tradicionais não gostam da idéia desse outro gênero levar o mesmo nome e ser conhecido como uma “variação” do sertanejo tradicional. O musico Luciano da dupla sertaneja Zezé di Camargo e Luciano demonstra sua preocupação com este novo gênero: “Minha preocupação sempre foi a de que, quando a imprensa intitula ‘sertanejo universitário’, pode virar algo passageiro. Também temia que aqueles artistas se sentissem na obrigação de só fazer regravações de nossas canções, apenas com uma levada diferente da nossa, e não compor músicas inéditas“, respondeu Luciano, ao ser entrevistado pelo site UOL e questionado sobre por que critica o movimento sertanejo.
Com todos estes “problemas” musicais quem sofre é o publico, que vê sua preferencia musical dividida. A modernidade faz parte do mundo e a cultura não vai ser afetada por esta razão.

Guilherme Sebastiany

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