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segunda-feira, 20 de junho de 2011

Uma marcha de Santo Ângelo para o Brasil



Memorial Coluna Prestes em Santo Ângelo



Para muitos da região missioneira apenas um nome pode representar uma marcha histórica, que teve inicio na capital das missões: a Coluna Prestes. Ao ouvirem o nome do cavaleiro da esperança, cidadãos que estudaram a disciplina de história na 8ª série, já sabem o fato que está sendo abordado. Apesar de não ser trabalhada da forma que poderia pelas escolas da região, a Coluna Prestes é lembrada na cidade de Santo Ângelo por monumentos e um Memorial.
A marcha revolucionaria teve inicio no idealismo de um jovem capitão que ao ser transferido para o 1º Batalhão Ferroviário, em Santo Ângelo liderou um grupo de rebeldes, que se dirigiu para São Luis Gonzaga, dando partida a uma caminhada que precorreria 25 mil quilômetros no tempo de 2 anos e 3 meses.
Gaúcho nascido em Porto Alegre, Capitão Luiz Carlos Prestes servia em 1922, no quartel do Rio de Janeiro, onde ajudou a conspirar no levante do dia 5 de Julho. Fazia parte do movimento Tenentista, propunha reformas na estrutura de poder do país: o fim do voto Cabresto, derrubar a posse do presidente Artur Bernardes e a chamada política café com leite.
Todos os conspiradores foram afastados, e Luis Carlos Prestes, veio servir no 1º Batalhão Ferroviário de Santo Ângelo. Como era engenheiro fiscalizava a construção dos quartéis no Rio Grande do Sul, servindo como chefe da construção no quartel. Nesse período, construiu a estrada de ferro entre Santo Ângelo e Giruá, no entanto, pediu demissão por não ser informado corretamente sobre suas funções. Jovem idealista continuou com as idéias revolucionárias de mudar a política social do Brasil. Alfabetizava soldados enquanto não trabalhava,  preparando-os para um movimento revolucionário.
Em 5 de julho de 1924 os paulistas Miguel Costa e Isidoro Dias realizaram um levante em São Paulo. Então, Prestes movimentou um levante em Santo Ângelo em 29 de outubro de 1924, distribuindo a Carta Manifesto. Um levante explicativo para a população. O grupo de revolucionários deu inicio à marcha saindo da cidade, e indo para São Luiz Gonzaga, onde passaram 2 meses. Saqueando os lugares por onde passavam, enfrentando confrontos e a morte dos companheiros pelo caminho, a marcha era feita a pé, a cavalo e algumas vezes, contava com carros. Os revolucionários seguiram pelo interior do Brasil, concluindo a marcha em fevereiro de 1927, na Bolívia. Os 25 mil quilômetros em 2 anos e 3 meses da Coluna Prestes marcam uma das maiores marchas da história da humanidade.
Para a atendente do Memorial Prestes, que está localizado no prédio da antiga estação ferroviária de Santo Ângelo, a luta não foi em vão, “a Coluna saiu invicta, pois não perderam nem ganharam, o tempo fez com que se realizassem os seus objetivos. E mesmo assim acredito que ele tinha em mente percorrer o Brasil para levar a conhecimento da população o que estava acontecendo na política social do Brasil, pois haviam poucos meios de comunicação”, explicou Maria Helena Wegner.
Seu Alcides Steinhaus que estará completando 90 anos no mês de setembro, conta algumas lembranças da passagem dos revolucionários da Coluna Prestes, por onde morava: “eu tinha 4 anos mas lembro como se fosse hoje. Minha mãe mandava nos recolhermos, estávamos na baixada pescando traíra e começaram tiros. Morávamos pra fora no arroio do Tigre perto de Coronel Barros, os soldados estavam passando por lá, e roubaram cavalos de meu pai”, contou Alcides.
A população Santo-angelense recebe turistas de todo o Brasil e de países próximos, que desejam conhecer o acervo do Memorial Coluna Prestes, que possui documentos, fotos e outros materiais. A cidade também possui a obra do carioca Mauricio Bentes que construiu um Monumento à Coluna invicta, simbolizando a trajetória da coluna em ferro, utilizado para lembrar que a região das Missões abrigou a primeira fundição de ferro da América Latina.. Na entrada da cidade o Monumento à Coluna Prestes projetada pelo arquiteto Oscar Niemayer representa o caminho da Grande Marcha Revolucionária comandada por Prestes, que atravessou o Brasil de sul a norte e de leste a oeste.




Monumento à Coluna Invicta, homenagem de Mauricio Bentes





Réplica da Carta Manifesto escrita por Luis Carlos Prestes

Kassieli de Mello

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